O atacado distribuidor nacional apresentou crescimento de 14,2% em fevereiro no comparativo com o mesmo mês do ano passado, segundo dados da nova edição do Termômetro ABAD/NielsenIQ, pesquisa mensal responsável por apresentar o faturamento médio do setor. Esse é o maior crescimento nominal desde maio de 2023, quando o segmento teve uma impulsão de 17,3%. No acumulado do ano, o crescimento foi de 9%, em comparação ao mesmo período do ano passado (janeiro e fevereiro). Em relação ao mês de janeiro de 2024, houve alta de 6,1%, puxada pelas festividades de carnaval.
“Tínhamos ciência de que o primeiro semestre do ano seria desafiador, mas nossas expectativas de melhora gradual do cenário vêm se concretizando. Em janeiro tivemos crescimento de 8,5% no comparativo com o mesmo mês de 2023 e, agora, em fevereiro, um desempenho superior, de dois dígitos. É positivo, mas devemos seguir atentos aos indicadores nacionais para traçar nossas estratégias e garantir um primeiro trimestre de crescimento“, afirma Leonardo Miguel Severini, presidente da ABAD.
De acordo com Felipe Rutkosky, gerente sênior de Atendimento ao Varejo da NielsenIQ, é interessante observar que, entre os respondentes da pesquisa, aqueles que faturam de R$ 45 a R$ 100 milhões apresentaram o melhor desempenho. “Vemos um crescimento robusto no setor alavancado por esses atacadistas. Mas não podemos deixar de mencionar desempenho também bastante positivo entre as companhias que faturam entre R$ 25 e R$ 45 milhões. Os gigantes com faturamento acima de R$ 100 milhões tiveram crescimento de 7,7%, o que está dentro da média do mercado”, explica.
Rutkosky observa que, em fevereiro, o atacadista distribuidor apresentou crescimento acima do mercado de autosserviço. “Quando observamos o canal de autosserviço, como supermercados, cash & carry e farma, vemos crescimento de 8,6% em valor e de 5,5% em volume. Isso indica uma continuidade de repasse de preços mais achatada, com controle maior sobre a inflação tanto de alimentos quanto de medicamentos”, diz, enfatizando que o maior repasse de preços está concentrado em medicamentos.
Os dados da NielsenIQ mostram com destaque o crescimento de 11,2% do canal farma, muito impulsionado pela epidemia de dengue e consequente aumento na venda tanto de repelentes quanto de medicamentos para controle dos sintomas da doença.
Destaque, também, para indicadores econômicos que reforçam um cenário que merece atenção: a taxa de desemprego está baixa e a inflação segue com certo nível de controle. Ao mesmo tempo, o índice de confiança do consumidor está em 89 pontos, o que representa um consumidor pessimista.
Na visão de Rutkosky, essa percepção negativa do brasileiro está muito atrelada ao endividamento que segue em alta no País. “Temos 78% das famílias endividadas, pouco mais de 30% com ao menos alguma conta em atraso. Além disso, 47% da renda média do cidadão brasileiro é direcionada ao pagamento de dívidas. Tudo isso pressiona a confiança do consumidor mesmo diante de outros indicadores positivos”, relata.