Você levanta pela manhã e o café, puro ou com leite, não pode faltar na mesa. Depois do almoço, para fechar a refeição, um cafezinho cai bem. Chega um amigo em casa e, invariavelmente, a pergunta é: “Aceita um café?”. Seja coado, expresso, instantâneo, em cápsulas, bem forte ou um pouco mais fraco, adoçado ou não, o café está no sangue, na cultura do brasileiro. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), o Brasil é o segundo maior consumidor de café do mundo. Mas, o que há nessa bebida que agrada tanto, o que explica essa paixão?
Marcos Reis, um apaixonado por café, formado em gestão do agronegócio pela Universidade Federal de Viçosa, com vários cursos de torra, classificação, degustação, provador internacional, afirma que as diversas espécies, as muitas variedades, que realçam o sabor, produzem uma bebida inconfundível, que agrada, praticamente, a todo tipo de paladar. Junte-se a isso o trabalho da ciência, o melhoramento genético, a produção de variedades mais produtivas e resistentes e o resultado é um produto de alta qualidade.
Entre as diversas espécies de café, as duas comercialmente mais plantadas são a canéfora e a arábica. A canéfora é produzida em climas mais quentes e altitudes mais baixas. Já a arábica se dá bem em áreas de maior altitude e clima mais ameno. “A diferença entre elas é muito grande, a começar pela qualidade da bebida, pelo teor de sólidos solúveis e cafeína”, explica Marcos Reis. A canéfora tem o dobro de cafeína e de sólidos solúveis. Ela é utilizada na produção do café solúvel, dando mais corpo à bebida. Já o café coado que conhecemos na maior parte do Brasil é produzido, basicamente, com a arábica, que pode conter o blend conilon, uma das variedades da canéfora.
Marcos Reis destaca que um dos fatores mais importantes para a definição da qualidade da bebida é o cuidado com o manejo, colheita e pós-colheita que o produtor tem com o seu café. “O manejo correto no processo de produção é que vai resultar numa bebida de alta qualidade para o mercado.” O especialista acrescenta que, hoje, o café brasileiro é um dos melhores do mundo. “O Brasil tem condição de produzir uma variedade enorme de cafés, tem altitudes baixas, elevadas, temperaturas diferenciadas, latitudes diferentes. Isso propicia essa diversidade da bebida. A participação em concursos internacionais mostra essa qualidade para o mundo.”
Coado, uma tendência
Existem diversas maneiras de preparar o café e cada uma delas dá um sabor diferente. Proprietário da Café dos Reis, uma torrefação de cafés especiais localizada em Coimbra, Minas Gerais, Marcos Reis faz a experiência utilizando os vários modos de extração para seus clientes. Como especialista, ele recomenda a utilização do café em grão, “que não contém nenhuma mistura”. Entre os vários métodos de preparo, Reis diz que o coado não é uma moda, mas uma tendência que veio para ficar. “Ele é mais leve, mais suave. O café expresso é mais concentrado, às vezes, não conseguimos tomar vários expressos durante o dia. Já o coado, bem-feito, dá para beber o dia todo.”
E como se prepara um bom café? O primeiro cuidado é com a água, de preferência, mineral, que não contém cloro. Se for possível moer o café na hora, o resultado será uma bebida mais fresca. A seguir, escaldar o filtro para tirar o gosto de papel e esquentar o recipiente que vai receber o café. Uma dica de Marcos Reis: não precisa adoçar. “Claro que gosto é gosto, se o consumidor quiser, coloca açúcar. Mas o bom café não precisa ser adoçado porque ele já e doce”. Para quem preferir usar o coador de pano, deve-se dar atenção especial à higienização. Se o coador for lavado com detergente, o gosto do sabão ficará no pano. “O ideal é lavar em água corrente, enxugar e guardar na geladeira. Quando for usar, escaldar antes.”
O mercado dos cafés artesanais começa a se expandir no Brasil. As marcas pequenas colocam seus produtos em empórios, lojas de conveniência, cafeterias. “Elas vão fazendo esse trabalho pelas bordas até atingir o consumo de massa.” E as grandes marcas já estão de olho nesse consumidor mais exigente, operando com linhas de cafés especiais. Cafés especiais, ou gourmet, são aqueles que atingem, no mínimo, 80 pontos na escala, que vai de zero a 100, da Metodologia de Avaliação Sensorial da SCA (Associação de Cafés Especiais, na sigla em inglês). São avaliados os seguintes atributos: fragrância/aroma, uniformidade, ausência de defeitos, doçura, sabor, acidez, corpo, sabor residual e harmonia.
Esses cafés especiais, de acordo com Marcos Reis, são bastante indicados para o consumo gelado, prática não muito comum no Brasil. “Por sermos um país tropical, podemos explorar muito as bebidas geladas à base de café”, avalia, acrescentando que, quando o café esfria, aumenta a acidez e a percepção de doçura. Hoje, já há cafeterias que trabalham com a bebida gelada. Um exemplo é o cold brew (infusão a frio), o café extraído a frio. “Há várias marcas que engarrafam o cold brew e vendem em garrafinhas, como se fosse cerveja, mas é só café.”
Carinho especial
Um bom café é aquele do qual o consumidor gosta. Essa definição, simples e objetiva, vem da Camil Alimentos, que entrou na categoria de café em setembro de 2021, ao adquirir a marca Seleto. No mesmo ano, ampliou o portfólio com as marcas Bom Dia e Sul de Minas. Neste ano, consolidou sua entrada na categoria com o Café União, marca que já foi líder de mercado décadas atrás. Para a empresa, fica evidente o carinho especial que o brasileiro tem por essa bebida em função de um conceito atrelado a uma relação afetiva, de lembranças relacionadas à pausa e gestos carinhosos. Assim como o arroz e o feijão, o café faz parte do dia a dia do consumidor.
Por essa razão, a Camil Alimentos acredita que o mercado de café é um segmento consolidado e que tem resistido ao impacto do preço alto da matéria prima observado no último ano. “Operamos segundo o modelo de negócios de outras categorias: extremamente resiliente, defensivo e com baixa volatilidade, promovendo alimentos de qualidade e abastecendo as gôndolas com as marcas de preferência do consumidor a preços justos”, informa a assessoria de imprensa da Camil Alimentos. Nessa estratégia, o Canal Indireto ganha importância, na medida em que auxilia com o aumento da capilaridade dos produtos, fazendo com que eles estejam presentes em um grande número de supermercados e possam, assim, estar disponíveis para os consumidores de todo o País.
Consumidor apaixonado
Na visão da JDE, o brasileiro é um consumidor de café apaixonado e exigente, que tem buscado produtos com qualidade superior, inovadores e que proporcionem novas experiências de consumo. Nesse sentido, tem crescido a preferência por categorias premium, como as cápsulas, o solúvel premium, que ganham espaço na cesta de compra, ao lado do café em pó tradicional. Hoje, o consumidor leva dois segmentos diferentes de café na mesma compra. Além disso, a quantidade também aumentou, passando a três unidades por compra.
Essas constatações levam a empresa a acreditar que, mesmo com o cenário econômico extremamente desafiador, com alta inflação, o consumidor brasileiro não abre mão do café. A visão da JDE é de oferecer um café para cada xícara – ou cada gosto e bolso – e, por isso, consegue atender diferentes perfis de consumidor. Esse atendimento é possível graças à parceria com o Canal Indireto, a principal alternativa para alcançar todos os mercados e canais, possibilitando a visibilidade de suas marcas em diferentes pontos de venda. O Canal Indireto tem condição de mostrar oportunidades especialmente em regiões de expansão. O principal objetivo futuro da JDE é qualificar a distribuição, conseguindo expandir a presença de todo o seu portfólio, principalmente das categorias premium.