O ano passado foi marcado por um aumento de 8% no faturamento das cestas de alto giro, queda de 7,5% no total de unidades e aumento de preços de 16,8%. É o que revela o estudo Atualização do Varejo Moderno Brasileiro elaborado pela consultoria NielsenIQ. O levantamento apurou o desempenho em 2021 nos canais de autosserviço, cash & carry e farma cadeia.
A análise revela que cash & carry e farma cadeia foram os canais que tiveram melhor performance em termos de crescimento em valor, em torno de 15% cada um deles. As quedas mais acentuadas foram registradas no hipermercado, 3,4% em valor e 8,9% em volume. De acordo com Daniel Asp Souza, gerente de relacionamento com o varejo da consultoria, a retração verificada no canal se justifica pelo fato de ele ter custos mais elevados, sendo menos competitivo que o cash & carry, e também porque muitas redes de varejo têm convertido suas lojas hiper para o formato cash & carry. Por região, o cash & carry registrou o maior crescimento no Sul. O Grande Rio, onde o canal cresceu menos, teve também a menor queda do hipermercado, revelando que os dois canais competem entre si.
O levantamento de 2021 mostra o quão forte foi a movimentação do consumo na terceira semana de março de 2020, início da pandemia e fechamento do comércio como um todo à exceção dos canais alimentares. “Todos correram para o supermercado para se abastecerem”, lembra Daniel Asp. Por conta desse fato, a terceira semana de março do ano passado registrou queda de 20,9% no faturamento. Já em volume, a retração se deu em praticamente todas as semanas do ano.
Importância das cestas
Perecíveis frescos respondeu, em 2021, por 21,5% do faturamento total, seguido de mercearia, 16,6%, bebidas, cerca de 10%, o mesmo índice sendo apurado para commodities. Em relação ao volume, as cestas que mais caíram foram bebidas, 13,5%, e commodities, 13,8%. Porém, commodities teve ganho de 17,2% em faturamento, enquanto bebidas ficou estável, com faturamento de 0,5%. “Isso significa um aumento de preços muito mais significativo em commodities do que em bebidas.” Medicamentos foi a categoria que mais cresceu em faturamento, 18,4%, representando 15,8% do total de crescimento. Já carnes congeladas cresceram 50,5%, sendo responsáveis pelo segundo maior ganho, 5,4%. Entre as maiores quedas, cerveja, com retração de 9,8%, contribuiu com 20,7% da queda total.
Na análise por canal, perecíveis frescos, commodities e perecíveis industrializados puxaram o crescimento do autosserviço. Já no cash & carry, as categorias de maior contribuição foram óleos comestíveis, carnes congeladas e açúcar, todas elas relacionadas à compra do mês. Cerveja também teve queda no canal. Daniel Asp lembra que, em 2020, os bares estavam fechados, e a indústria estava mais direcionada ao cash & carry e autosserviço. “Com a abertura de bares e restaurantes, o foco da indústria passou a ser o consumo na rua. Isso explica a queda mais intensa da cerveja nesses canais.” E, no canal farma cadeia, medicamentos foram responsáveis por 62,6% do crescimento em valor, seguidos por higiene e beleza, que contribuíram com 24%.